domingo, 26 de setembro de 2010

Primavera - no "sentir" de Cecília


Primavera


Cecília Meireles


A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega. Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol. Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.Mas é certo que a primavera chega.
É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação. Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.
Postagem: Anna Jailma

sábado, 25 de setembro de 2010

Luva para Pés!




Eu, que adoro pisar na grama, na terra, sentindo o chão nos pés, adorei a novidade: corredores dos Estados Unidos e Europa estão adotando o que chamam de FiveFingers, conhecido como "luva para pés". Não é um tênis, é mesmo uma espécie de luvas, mas usado nos pés, que mistura meia e borracha no material. Como não tem amortecedor oferece a sensação de que se está correndo descalço.
Como nada agrada todo mundo, alguns profissionais da medicina esportiva estão contestando justamente devido a falta de amortecedor; porque defendem que quanto mais alcochoado for o tênis menor é o dano para as articulações de joelhos e pés.
Cabe a cada corredor, profissional ou não, avaliar os prós e contras, para depois decidir se faz opção pela tal luva para os pés. Ainda não é vendido no Brasil, mas pode ser comprado pela internet...Eu não sou de correr, mas adoraria um par de FiveFingers para simplesmente passear por aí. Imagino que proporciona sensação de liberdade nos pés. Até já me imagino pisando na grama da Ilha de Sant'Ana de Caicó com um belo par de luva...nos pés!
Anna Jailma

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Eu e Saul


Saul chegou em 05 de maio de 2010, iluminado, saudável, lindo, muito mais do que sonhei. Já passeamos por aí sempre grudados, inclusive, com sling ou casulo, feitos pela Mariana Mesquita de Recife, PE. Fomos parar no site da Mariana e publiquei a página aqui para vocês.
Anna Jailma - Mãe de Saul

terça-feira, 27 de abril de 2010

Palavra de Mãe


A gravidez é um divisor de águas na vida da mulher. É um momento sublime, desde a gestação. Não há como descrever todas as sensações, emoções, todos os instantes que são mistura de tantos sentimentos: é amor e receio, coragem e medo, riso e choro, um momento “transcendental” na vida da mulher...
É ser plenamente uma “centelha de Deus”, por sentir outra vida, parte de si, mexendo, transmitindo emoções, vivendo e pulsando dentro de si mesma. Gravidez é milagre!
Como explicar a grandeza de ter dois corações, duas almas, dentro de si?! É um amor que transborda, indo além de todos os limites.
No início vem a surpresa da gravidez confirmada, a alegria misturada com a curiosidade de observar todos os detalhes do próprio corpo: “a barriga está maior?” “a pele está manchando?”, “tem náuseas ou desejos?”...De repente, aos poucos, o corpo cria outra forma e as emoções aumentam a cada dia.
Passamos pelo medo de algo dar errado, de perder o filho; e depois vem a satisfação em comprar enxoval, brinquedos, fazer fotos para eternizar a barriga enorme que se torna o maior orgulho da mãe.
O vínculo de mãe e filho começa desde o primeiro instante. É a conversa, a música que se ouve junto, o toc toc na barriga para senti-lo mexer e tantos outros momentos vividos num mundo à parte, entre mãe e filho.
Quando a contagem regressiva para a chegada começa, é tempo de entregar todo o percurso desta caminhada nas mãos de Deus. Ele que guiou desde o início, será também o grande guia na hora do parto. Os pés inchados e cansados, a dormida cheia de pausas na madrugada, tudo faz parte da espera que, em nenhum momento, deixa de ser prazerosa e vivida com todo amor do mundo.
Minha espera por Saul é vivida desta forma, neste turbilhão de emoções. Já não sou somente Anna Jailma, mas sobretudo, a “Mãe de Saul”.
Que seja bem-vindo e abençoado!

Anna Jailma - Mãe de Saul - 37ª semana de gravidez.

"Se falar pense antes. Se não pensar, não fale. As grávidas agradecem.”







Desde o início da minha gravidez não me sai da cabeça a idéia de que o Ministério da Saúde deveria criar uma campanha sobre o comportamento das pessoas em relação às grávidas.
Os primeiros comentários das pessoas do nosso convívio são sempre frisando que nunca mais ninguém dorme devido o choro do bebê; que manga, peixe, umbu, cajarana e outra série de alimentos fazem mal; que deixam a placenta colada, causa eclampsia, faz perder a criança e mais uma série de acontecimentos trágicos... Vai dando logo vontade de mandar todo mundo pra "ponte que partiu".
É do conhecimento de todos que, durante a gestação, nós mulheres ficamos mais sensíveis e é lógico que temos uma grande preocupação em relação ao desenvolvimento da criança, aos cuidados com a gravidez; para que nada atropele a chegada saudável do bebê. Mas é impressionante como, mesmo tendo este conhecimento, as pessoas insistem em fazer comentários nada animadores e que chega a causar aflição.
Nos primeiros meses de gravidez, ouvi por várias vezes as mais variadas – e detalhadas histórias – sobre casos de aborto. Era história de uma que havia escorregado, outra que não sabia o porquê de ter perdido o bebê, mas, perdeu. E havia sempre os detalhes das dores sentidas, do sangramento, da correria para o hospital. Detalhe: minha mãe sofreu dois abortos antes de mim e outro depois e portanto eu já tinha por natureza um receio “genético” de algo assim. Somando isso as histórias que vinham me contar, eu só me senti segura para comprar coisas para o bebê a partir do 6º mês de gestação. O medo de perder a criança ficava me rondando o tempo inteiro.
Outro ponto muito comentado é sobre a criança mexer ou não. O médico e a enfermeira que me acompanhavam no PSF me deixavam bem claro que o bebê começava a mexer a partir das 16 semanas; mas, as outras pessoas me afirmavam que antes disso já era para mexer e deixavam no ar um tom de interrogação como que afirmando que algo estava errado comigo e o bebê.
Depois, vem o questionamento sobre se estou com pés inchados e como até o 6º mês não havia inchação, novamente era motivo para olhares "assombrados". Quando começou a inchação, pelo 7º mês, os questionamentos não pararam, sendo agora por outro ângulo, se admirando pelos pés estarem inchados – como se as grávidas não inchassem os pés. Agora mesmo a pressão arterial variando entre 10X6 e 10X7, não param de me assustar. Já me falaram em eclampsia inúmeras vezes e sempre detalhando todos os sintomas como que me avisando que vou passar por toda aquela agonia, devido os pés estarem inchados...
Como se não bastasse, quando falo que prefiro o parto normal, não são poucos os que me assustam falando sobre "o corte feito para apressar a passagem do bebê" – a episiotomia ( já me falaram até sobre uma moça que sofreu 30 pontos na vagina com este corte! ); sobre as dores que dizem ser insuportável, a “pior já sentida” e ainda sobre histórias de partos forçados, onde a criança quebra o bracinho.
Agora que o médico me falou que talvez seja cesáreo, o assunto é “a difícil recuperação de quem faz cesáreo, sempre com gases, dores e sem poder levantar da cama, etc etc...”.
Graças a Deus que, certamente por providência divina, a serenidade vem me acompanhando desde o início da gestação e portanto, não tenho dado importância a estes comentários negativos; até porque, procuro me informar sobre a gestação através dos profissionais que me acompanham no PSF, na cartilha do Ministério da Saúde (santa cartilha!), revistas e sites conceituados da internet.
Mas não me sai da cabeça que o Ministério da Saúde deve criar uma campanha de advertência a este respeito. Algo como cenas de conversas com as grávidas e a advertência: "Ministério da Saúde adverte -Se falar pense antes. Se não pensar, não fale. As grávidas agradecem.”


Anna Jailma - Mãe de Saul, 37ª semana de gravidez!

terça-feira, 2 de março de 2010

Espera

Lá vem meu bebê, SAUL, que significa "o solicitado" ou "o alcançado através de orações". Daqui de fora contemplo seus passos lentos, por meses a fio, e imagino seu choro e seu riso, seu olhar vivo e esperto...E quando maio chegar, terei este encanto sempre perto.

SAUL

Avesso de LUAS
Luz brilhante como o sol
Me ilumina de dentro pra fora
Ilumina o arredor

Rei de Israel
Ungido, solicitado, esperado
Pedido por Sant'Ana atendido
Por Deus abençoado

Parte de um amor grande
Pequena centelha divina
Seja bem-vindo ao mundo
Ser feliz é sua sina
Anna Jailma - a mãe de Saul.