quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Eu e Rubem

Em 21 de julho 2014 escrevi:


"...Cartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel " Esta foi a primeira frase de Rubem Alves que conheci. O livro chama-se Retorno E Terno. 

Depois desta frase, comecei a ser uma caçadora de seus pensamentos, de sua história. Li crônicas de jornais, outros livros, etc...e numa noite gelada, peguei dois ônibus, sozinha, e atravessei Campinas/SP para conhecê-lo pessoalmente no lançamento de seu livro "Ao Professor, com Carinho", no Shopping Dom Pedro I. 

Havia o risco do evento se estender e eu acabar não conseguindo pegar o segundo ônibus antes das 23h...que era o horário em que se encerrava o horário do coletivo que eu pegava. Mas eu queria conhecer Rubem Alves. E conheci, bebi de sua palestra, flutuei com seus comentários breves, inusitados e infinitamente sábios. 

Eu compartilhei do riso de Rubem Alves. Só fã sabe o significado disso - risos. Nunca vou esquecer de quando ele autografava meu livro, entre uma taça de vinho e uma xícara de café:
  _ Vinho e café? Perguntei. ( não por curiosidade, mas porque queria falar com Rubem Alves) 
_ Gosto dos dois. E você? 
_ Também, mas nunca misturei... 
 _ Experimente. ( disse ele, com um riso de quem sabia tudo da vida.) 

Saí daquele shopping flutuando: tinha assistido palestra de Rubem Alves e ainda tinha trocado algumas palavras com ele. E o ônibus, pelos meus cálculos, iria dar certo...embora já passasse das 21h30. De assalto, eu nem lembrava...Eu era uma fã realizada. Deu certo. 

 No último fim de semana, fiquei sabendo da partida de Rubem Alves. A gente sempre acha que sábios como ele não partem. Eles não morrem, mas partem. 

Com ele tenho uma dívida, ainda não cumprida: experimentar um gole de vinho, com gole de café. ♥

Anna Jailma

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