"...Cartas de amor são escritas não para dar notícias,
não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma
folha de papel " Esta foi a primeira frase de Rubem Alves que conheci. O
livro chama-se Retorno E Terno.
Depois desta frase, comecei a ser uma caçadora
de seus pensamentos, de sua história. Li crônicas de jornais, outros livros,
etc...e numa noite gelada, peguei dois ônibus, sozinha, e atravessei
Campinas/SP para conhecê-lo pessoalmente no lançamento de seu livro "Ao
Professor, com Carinho", no Shopping Dom Pedro I.
Havia o risco do evento se estender e eu acabar não
conseguindo pegar o segundo ônibus antes das 23h...que era o horário em que se
encerrava o horário do coletivo que eu pegava. Mas eu queria conhecer Rubem
Alves. E conheci, bebi de sua palestra, flutuei com seus comentários breves,
inusitados e infinitamente sábios.
Eu compartilhei do riso de Rubem Alves. Só
fã sabe o significado disso - risos.
Nunca vou esquecer de quando ele autografava meu livro, entre
uma taça de vinho e uma xícara de café:
_ Vinho e café? Perguntei. ( não por curiosidade, mas porque
queria falar com Rubem Alves)
_ Gosto dos dois. E você?
_ Também, mas nunca misturei...
_ Experimente. ( disse ele, com um riso de quem sabia tudo da
vida.)
Saí daquele shopping flutuando: tinha assistido palestra de
Rubem Alves e ainda tinha trocado algumas palavras com ele. E o ônibus, pelos
meus cálculos, iria dar certo...embora já passasse das 21h30. De assalto, eu
nem lembrava...Eu era uma fã realizada. Deu certo.
No último fim de semana, fiquei sabendo da partida de Rubem
Alves. A gente sempre acha que sábios como ele não partem. Eles não morrem, mas
partem.
Com ele tenho uma dívida, ainda não cumprida: experimentar um gole de
vinho, com gole de café. ♥
Anna Jailma
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